Tenho observado dia após dia que este site não pode ser facilmente compreendido no Brasil, já que se trata de uma religião conhecida (pelos brasileiros) a partir dos filmes de terror. Muitos pensam que nós, voduístas, ficamos espetando agulhas em bonecos o dia todo, sem saberem que, na verdade, esta é uma religião com rituais, músicas, cosmogonia e tudo o mais que compreende uma religião. Sei que muitos estão vindo para esse estilo de vida bonito, mas ainda não sabem sequer o básico. Construí esse site justamente para tentar mostrar um pouco da minha fé. Há simplesmente tanta coisa para se aprender em Vodu, que espero - com o tempo - poder chegar a ensinar um pouco de tudo para vocês. Este site vai dar-lhe muitos fatos, que irá ajudá-lo a começar o Serviço Ginen (é assim que chamamos popularmente o culto), o serviço da Loa.
Vodu é uma tradição iniciática. O grande sacerdote dentro da liturgia Vodu se chama Houngan (Oungan) para homens e Mambo (Manbo) para mulheres. Os Houngans também podem ser chamados de Gangan. O Hounsi Kanzo é o iniciado na religião (como o filho de santo no Candomblé) e não deve ser confundido com hounsi bossal. Hounsi bossal é um não-iniciado que poderá assistir aos trabalhos em um templo Vodu, mas que pode ou não estar se preparando para a iniciação. Eles são geralmente considerados um membro da sociedade Vodu, ajuda nos afazeres da casa, mas ainda não foram chamados pelas Loas, afim de serem possuídos. Mas isso não significa que você não pode servir a Loa. Muitos não-iniciados servem as Loas muito antes de entrarem para o serviço dentro de um templo Vodu. Muitas vezes, consideram que um mero interesse na Loa já é um sinal de estar ao seu serviço, isso não significa absolutamente que você deve ser iniciado. Diferente dos terreiros de Candomblé, aonde qualquer pessoa possa fazer parte do grupo e tornar-se um iniciado, no Vodu, são os deuses que escolhem o novo membro, possuindo seus corpos em rituais ou festas. Às vezes uma pessoa frequenta há anos um Peristilo (templo Vodu) e nunca será possuído pela Loa e, em outras casos, uma Loa pode possuir o corpo de uma pessoa que esteja pela primeira vez em um ritual Vodu.
Existem muitos tipos de não-iniciados que servem a Loa. Muitas vezes não é possível encontrar em sua cidade (principalmente no Brasil) um Peristilo Vodu, ainda menos
um Houngan ou uma Mambo (DESCOBRI, GRAÇAS AOS VISITANTES DESSE SITE QUE EXISTE SIM, OUTROS VODUÍSTAS NO BRASIL!) Existem alguns Bokors que se tornam especialistas em magia negra, focando somente o mal, dedicam boa parte de seu tempo para fazer magia para matar e destruir pessoas. Existem várias Sociedades Secretas baseadas na liturgia Vodu. Uma dessas Sociedades é o Sanpwel (lê-se Sanpuêl). Eles estão por todo o Haiti e alguns poucos nos EUA também. O líder do peristilo de Sanpwel é chamado de Presidente. Eles também fazem magia para os clientes, julgam culpados e os punem, se necessário. A sociedade secreta nos EUA não tem, normalmente, a mesma seriedade e importância que vemos no Haiti. Sem querer parecer um crítico, a Sociedade Secreta nos EUA é de fato uma cópia para satisfazer a necessidade de poder de alguns.
O Voduísta Voduísta é um termo usado quando nos referimos a uma pessoa que participa dos serviços para a Loa, seja ele um iniciado ou não. É um termo geral para quem frequenta a religião. Alguns membros vão afirmar que só é Voduísta quem é iniciado para a Loa, mas é mentira. Voduísta é aquele que serve a Loa com seriedade e respeito. Outro termo geral é sevite ou sevitye. Refere-se a qualquer pessoa, iniciada ou não, que serve a Loa. Sevite e sevitye significam servo. Nós não vemos o Vodú só como uma religião, mas também como uma ação, uma prática, um modo de vida. Naturalmente que, se você quiser se iniciar no Vodu, seria mais fácil encontrar um Templo no Haiti ou em Nova Orleans, EUA, onde existem centenas deles, mas não é impossível, estando longe desses centros de prática voduísta, converter-se ao Vodu. Eu conheço voduístas na Itália, Portugal, Russia, Grécia, Romênia, Inglaterra, Alemanha, Nova Zelândia, França e Malásia. A distância não impediu que essas pessoas se convertessem ao Vodu. Entretanto, aprender Vodu não é fácil, e até mesmo um Houngan ou Mambo continua a aprender mais e mais. Nós nunca seremos capazes de saber tudo sobre o Vodu. A vida é curta demais para conhecer todos os mistérios que existem em nossa crença. Se você está interessado em aprender Vodu e tê-lo como sua religião, pesquise, estude, pesquise, estude... Há muitos professores, há muitos vodus e há muito a aprender.
Os Vodus Quando falamos em Vodu, nossa tendência é pensar em uma só religião, única e organizada. Mas essa não é uma realidade. São muitas as expressões Vodu, partem de um mesmo princípio, mas são religiões diferentes. As mudanças ocorrem de acordo com a região e cultura que vem abrigar aquele Vodu. O Vodu haitiano e o Dominicano são os mais bem estruturados e organizados, mas são os mais sectários. O Vodu de Nova Orleans é o menos estruturado, cheio de lacunas, não sendo possível dar a ele a mesma solidez daquele praticado no Haiti e República Dominicana. Por outro lado, é a expressão Vodu que melhor acolhe os estrangeiros, é a expressão Vodu mais livre. Naturalmente que algumas pessoas vão preferir a rigidez haitiana, mas que não está aberta à todos. Outros vão se identificar com a liberdade de Nova Orleans. Lembrando que liberdade, aqui, não é sinônimo de faça o que quiser que está tudo bem. É uma liberdade assistida, precisa ter ética e estrutura de caráter.
Você se surpreenderá com a riqueza de nosso culto! Houngan Makout Alexandhros (Vodu Deka não tradicional) |